quinta-feira, 14 de maio de 2009


85 anos de uma revolta esquecida!

+ Adailton Andrade



O presente artigo tem por objetivo analisar O movimento que deu origem ao tenentismo em Sergipe e consolidou Augusto Maynard Gomes como uma grande líder.
O levante militar na praia formosa, em 13 de julho de 1924, que depois de seis anos o local passou a se chamar 13 de julho, uma homenagem a data do ocorrido levante envolvidos movimento o local passar a se chamar 13 de julho entre 1924 a 1930, buscando detectar se houve ligações com outros movimentos, ou se em Sergipe foi peculiar, Compreendendo também a situação política local, os aspectos fundamentais de organização nacional e local propostos pelos “tenentes” e quais suas possíveis vias de desenvolvimento. Nossa hipótese é a de que, entre 1924 a 1930, a direita tenentista idealizava um projeto nacional, embora este pudesse não ser consistente e concluso. Sendo assim, buscaremos cotejar as possíveis propostas tenentistas com as de Vargas e as da cúpula militar, seguindo a proposição de que os “tenentes” apresentavam alternativas de desenvolvimento e organização nacional dentro do próprio grupo que co-participava do poder.

Em São Paulo a 5 de julho de 1924 – ocorreria um novo episódio de características semelhantes ao movimento dos 18 do Forte. Mas a revolução paulista de 1924 teria maior amplitude do que a revolta carioca, não só porque abrangia maior número de militares e unidades do exército, inclusive parte da força policial do Estado, mas ainda, pelo fato de haver mobilizado parte da população civil. O grupo mais ativo era constituindo principalmente de alguns oficiais que já haviam participado do movimento de 22 e se achavam foragidos ou em liberdade. Na madrugada de 5 de julho foram ouvidos os primeiros tiros e a cidade surpreendida caiu nas mãos dos revoltosos. Os rebeldes derrotados bateram em retirada embrenhando-se pelo interior. Articulando-se mais tarde com os rebeldes gaúchos, remanescentes de 1923, formou-se então a Coluna Miguel Costa-Prestes, instalando-se a segunda fase deste movimento.

O movimento se alastrou com revoltas de menor vulto por diversos outros estados, o que levou o Governo Federal a decretar estado de sítio não só para a capital como para todo o Estadode São Pulo, além do Amazonas, Pará, Sergipe, Bahia, Rio de Janeiro,Paraná, Santa Catarina, Rio Grande de Sul e Mato Grosso.
Com a eclosão da Revolta de 5 de Julho de 1924 em São Paulo, iniciaram-se em Sergipe articulações de solidariedade aos insurretos que, sob o comando de Isidoro Dias Lopes, ocuparam a capital paulista. Segundo declarações posteriores de Maynard, diante da perspectiva de requisição da guarnição sergipana pelo governo federal para a repressão aos rebeldes no Sul e da impossibilidade de adesão em São Paulo, “urgia levar a efeito um levante local, cuja eficiência, além de se traduzir na ausência do próprio 28º BC ao lado das forças legais, atrairia fatalmente contra si outras, que descongestionariam o principal teatro de luta”. Liderando o movimento, Augusto Maynard, João Soarino e Eurípides Lima acertaram sua deflagração para a madrugada do dia 13 de julho. Depois de conquistarem a adesão do segundo-tenente Manuel Messias de Mendonça, intendente do 28º BC e responsável pelo depósito de munições, comunicaram o plano aos sargentos, que acordaram e armaram os soldados, assumindo então o controle do quartel. Desmembrado em três companhias comandadas pelos líderes do levante, o contingente do 28º BC tomou o palácio do governo, depondo o presidente do estado, Graco Cardoso. Em seguida, ocuparam o quartel de polícia, a cadeia pública, o telégrafo, a estação da Companhia Ferroviária Leste Brasileiro, a Companhia Telefônica e a estação de energia elétrica, consumando seu controle sobre a capital.

Os chefes revolucionários organizaram-se então em uma junta governativa militar, que imediatamente lançou uma Proclamação ao povo sergipano explicando os objetivos do levante, e tomou as providências necessárias para a defesa da cidade. Entre as medidas adotadas, a abertura de alistamento para voluntários atestou a ampla receptividade que o movimento rebelde encontrou entre a população de Aracaju e muitos municípios interioranos. Entretanto, tropas oriundas de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, comandadas pelo general Marçal Nonato de Faria, cercaram a cidade pelos flancos norte e sul, logrando romper as defesas rebeldes. Segundo o livro de José lbarê Costa Dantas, O tenentismo em Sergipe, o cerco legalista a Aracaju provocou total desorganização entre as forças rebeldes. Maynard, principal dirigente da junta governativa militar, teria recebido do general Marçal intimação para render-se, tendo em vista a superioridade numérica dos efetivos legalistas e o fracasso do levante em São Paulo, onde os revoltosos haviam sido forçados a abandonar a capital, deslocando-se para o interior. Apoiado em depoimentos de testemunhas, entre as quais o tenente João Soarino, Ibarê Costa Dantas afirma que a intimação do comandante legalista e a desproporção de forças teriam provocado a desestruturação dos efetivos rebeldes e a fuga de seus chefes. Maynard, por sua vez, em entrevista concedida em 1927 apresentou outra versão dos acontecimentos, segundo a qual o reduto revolucionário teria caído por força da traição do general Marçal de Faria, que enviou pelotões de negociação que tomaram de assalto as posições revolucionárias depois de nelas penetrarem protegidos por bandeiras brancas.
Vale transcrever, como documentos insuspeitos, as Proclamações de 14 e de 26 de julho de 1924, assinadas pelos revolucionários sergipanos, destinados a Sergipe e ao norte do Brasil, como a esperarem por ações de guerra semelhantes nos outros Estados.

Proclamação "

Ao Altivo Povo Sergipano!

“Não desconhece o valoroso povo de Sergipe a situação de desrespeito e menosprezo aos direitos alheios implantada pelos que nestes últimos seis anos vêm governando a República Brasileira; não desconhece também o digno povo sergipano as humilhações, os vexames que esses mesmos dirigentes vêm impondo à classe militar, esta classe que, numa hora feliz e majestosa, implantou em nossa cara Pátria o governo republicano, o governo da liberdade, o governo do povo, para o povo e pelo povo, princípios estes esquecidos e relegados pelos que se têm assenhorado das posições políticas e administrativas do País. Há bem dois anos, uma centena de brasileiros militares, orientada e sequiosa de bem servir à Pátria, levantou-se contra os processos anti-republicanos do governo do Sr. Epitácio Pessoa, cidadão que, apesar de Ministro do mais alto Tribunal da Nação, se mostrou o mais feroz inimigo dos direitos e da liberdade dos seus governados.

O seu sucessor, ao contrário do que devia esperar, não quis se afastar dos moldes violentos e prejudiciais de governar daquele que o levara ao posto de Chefe do Estado. Até se excedeu no praticar dos atos de mais férrea tirania.
“Como não mais possível fosse suportar tantos ultrajes nos direitos do povo, o Exército Nacional, por intermédio de um número considerável de seus representantes, se levantou novamente, e desta vez nas plagas do Ipiranga, justamente nas terras em que se verificou o grito patriótico de Independência ou Morte.

Ora, a guarnição militar de Sergipe não podia de forma alguma ficar indiferente e calada em momento tão sombrio e difícil para a Pátria, resolvendo então os que abaixo se assinam, acompanhar os seus camaradas que no sul se batem pela grandeza e verdadeira prática do regime Republicano.

E tal movimento de solidariedade e de patriotismo constitui em depor as autoridades que em Sergipe se correspondem com o governo central da República, constituindo-nos, doravante, em junta governativa militar para todos os efeitos, até que com a vitória final, assuma as rédeas do poder o verdadeiro escolhido do povo. Enquanto isso não se verificar, os que compõem a referida junta saberão respeitar todos os direitos dos seus concidadãos, nada tendo a temer o glorioso povo sergipano. A nossa vitória será a vitória de Sergipe e dos seus filhos, e por conseguinte do Brasil e dos brasileiros.

“Aracaju, 14 de julho de 1924

“Capitão Eurípedes Esteves de Lima
“1º Tenente Augusto Maynard Gomes
“1º Tenente João Soarino de Melo
“2º Tenente Manuel Messias de Mendonça.”


Este documento mostra a visão federalista dos militares revoltosos, desconsiderando a realidade local e vinculando, diretamente, o Estado ao Governo central do País. O que fez com que Graccho Cardoso fosse deposto e preso não foi qualquer discordância local, mas o fato dele ter relações com o presidente da República. O Ministério Público quis associar os fatos a uma conspiração local, que envolvia militares, como o general José Calasans, e civis como Luiz Freire, Manoel Xavier de Oliveira, Edison de Oliveira Ribeiro, Caetano José da Silveira, Manoel Gomes da Cunha, Antonio Garcia Sobrinho, João Batista de Andrade, Thomaz Mutti Filho, Frederico Gentil, o promotor público da capital Afonso Ferreira dos Santos, dentre muitos outros, alguns dos quais acusados não de participação direta no levante, mas de colaboração, com trabalhos requisitados ou contratados.
O país assistiu, sobre saltado e escandalizado, ao desenrolar dos acontecimentos de vinte e um e vinte e dois.



Maynard contava que, reuniões que haviam no clube militar, resultou a eleição de um tribunal para tomar conhecimento de cartas atribuídas ao então Sr. Arthur Bernardes e ofensivas as classes militares.
As fases na vida de Augusto Maynard. “O Cadete, o Interventor, o Senador e Juiz do TSN

Deste tribunal teve conhecimento o mesmo Sr. Arthur Bernardes que o aceitou, ajundando-lhe peritos e advogados seus. Das pesquisas e exames havidos, resultou verdadeiro e autentico o documento até então apócrifo.


Deste resultado tiveram conhecimento a nação e as guarnições militares dos estados, que atentamente acompanhavam o desenrolar dos acontecimentos.
Daí, a luta entre as classes armadas e os políticos do bem e da honra da nação.

Para isso, lançou-se desde logo mãos as armas ignominiosas e cujas conseqüências haviam fatalmente desastradamente, em refletir na comunhão geral de todos os brasileiros. Era a mais desprezível das inúmeras manifestações de descaso pelos interesses da nação, por parte totalidade dos políticos nacionais.
Crises militares foram uma constante na primeira fase da República, mas, a partir de 1922, elas ganhariam um novo protagonista: a oficialidade de baixa patente, de que decorreu a denominação "Tenentismo". Encarnando as aspirações da classe média urbana,esses revolucionários pugnavam pela adoção do voto livre e secreto e pela moralização dos costumes políticos.

A calma somente voltou a reinar em Aracaju a 03 de agosto. Revoltosos eram capitulados e levados ao Quartel do 28o Batalhão de caçadores, outros entregavam-se voluntariamente. O tenente Augusto Maynard, auxiliado pelo amigo Brasiliano de Jesus, conseguiu fugir ao cerco e bateu-se em São Paulo, sendo preso e conduzido à ilha da Trindade, localizada a 1.150 Km a leste do Estado do Espírito Santo, que se havia transformado em prisão militar. Mais de 500 pessoas foram

Indiciadas em processos criminais, porém os ideais de liberdade permaneceram vivos entre os sergipanos.
Com Maynard, nascia em Sergipe a liderança na luta contra a casa-grande e a cana-de-açúcar, na expressão do professor Artur Fortes.
O coroamento, porém, do movimento tenentista em Sergipe, deu-se com a Revolução de 30 e, principalmente, com a nomeação do capitão Augusto Maynard para Interventor Federal do Estado.
E, em homenagem, a praia Formosa transformava-se em "Praia 13 de Julho", pelo Ato no 11, do Intendente Municipal Camilo Calazans, publicado no Diário Oficial de 28 de novembro de 1930, em que Augusto Maynard Gomes foi reconhecido com o grande líder militar do levante de 13 de Julho de 1924.


Praia Formosa.
A Praia Formosa era conhecida como Ilha dos Bois. Cortada por rios, mangues e alagados, seus moradores utilizavam o local como área de pastagem para seus gados, advindo daí o nome da localidade. Além de Ilha dos Bois a região já foi denominada por Sítio da Nação.
Após esse clima de guerra, a região volta a sua tranqüilidade habitual, sendo povoada por alguns pescadores. Ao final da década de 1920, o local foi tomado pelos veranistas, sendo Sebrão Sobrinho um dos primeiros. Num primeiro momento as habitações eram de palhas, não obstante em 1929 já podiam ser verificadas as primeiras casas de alvenaria. Em 1935, era notório um número significativo de moradores fixos. A região permaneceu até 1937 como o maior ponto de banho e de veraneio da capital. Deixando de ser nesse período devido à abertura de avenidas e a construção da ponte sobre o Rio Poxim, que ligaram o centro à praia de Atalaia e outras oceânicas.
Atualmente, o consolidado bairro 13 de julho é um bairro da zona sul de classe média e alta. Tendo como principal característica o alto valor de seu solo urbano, considerado o metro quadrado mais caro de Aracaju. Em sua paisagem destacam-se: a crescente construção de edifícios, edificações de galerias que absolvem um comércio diversificado, supermercados e centros médicos.
Neste trabalho o pesquisador Adailton Andrade, biografo de Augusto Maynard Gomes, presta uma homenagem argumentada em uma historia de muitas lutas pelos idéias do povo brasileiro, 13 de julho de 1924, inicia o tenentismo em Sergipe, inicia-se a saga desde grande revolucionário e estadista que lutou por um Brasil melhor sobre os princípios liberais do direito. Maynard sobe cumprir sua missão cívica e revolucionaria.
Lembramos desta data, lembramos da historia deste brasileiro, sergipano Rosarense.
Adailton Andrade


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+ Licenciado em História pela Universidade Tiradentes, Pós Graduando em Ensino Superior em Historia na Faculdade são Luis de França, membro do Instituto Histórico de Sergipe, pesquisador e biografo de Augusto Maynard Gomes
Adailton.andrade@bol.com.bradailton_andrade@hotmail.com


Referências Bibliográficas:
DANTAS, Ibarê . Historia de Sergipe: republica (1889- 2000) . Rio de janeiro: Tempo Brasileiro, 2004
DANTAS, Ibarê . O Tenentismo em Sergipe, Gráfica J. Andrade ,Aracaju, 1999
VILAR, José Wellington Carvalho. Os espaços diferenciados da cidade de Aracaju: uma proposta
PORTO, Fernando de Figueiredo. Alguns nomes antigos do Aracaju. Aracaju: Gráfica Editora J. Andrade Ltda., 2003. p. 155-162.
BARRETO, Luís Antonio. Pequeno Dicionário Prático de Nomes e Denominações de Aracaju. Aracaju: ITBEC/BANESE, 2002.
CABRAL, Mário. Roteiro de Aracaju. Guia sentimental da cidade. Aracaju, 1948.
CARONE, Edgard. O tenentismo. São Paulo: Ed. Difel, 1975.
CAFÉ FILHO, J. Tenentismo; Diário do congresso Nacional; Encic. Mirador
FIGUEIREDO, Eurico de Lima. (org.). Os Militares e a Revolução de 30. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1979.
FORJAZ, Maria Cecília Spina. Tenentismo e Forças Armadas na Revolução de 30. Rio de Janeiro. Forense Universitária. 1988
PRESTES, Anita Leocádia. Uma epopéia brasileira: a Coluna Prestes. São Paulo:Ed.Moderna, 1995.
PRESTES, Anita Leocádia. A Coluna Prestes. 4ª ed. São Paulo: Ed. Paz e Terra, 1997.













domingo, 10 de maio de 2009












EM TERRAS SERGIPANAS O ÍDOLO DO POVO BRASILEIRO !
Campanha Presidenciável de Vargas em Sergipe em 29 de agosto de 1950”



*Adailton dos Santos Andrade



Apesar de Eurico Gaspar Dutra ter sido candidato do PSD por indicação de Getúlio e de ter sido eleito graças ao apoio de Vargas, e embora tenha sido ele Ministro da Guerra de Getúlio durante praticamente oito anos e oito meses, de 5 de dezembro de 1936 a 3 de agosto de 1945, seu governo representou uma ruptura com as principais políticas adotadas pelo Governo Vargas de 1930 a 1945.
Getúlio levou o Estado a realizar grandes investimentos em infra-estrutura, ampliou os direitos trabalhistas com o objetivo de aumentar a massa salarial e buscou proteger a iniciativa empresarial nacional tornando uma série de atividades econômicas privativas de empresas organizadas no Brasil cujos titulares fossem brasileiros.
Dutra, ao contrário, abriu o quanto pôde as portas ao capital estrangeiro e buscou diminuir ao máximo a intervenção do Estado na economia, favoreceu as importações, o que levou ao esgotamento das reservas cambiais acumuladas no período anterior. Dutra restringiu o direito de greve, interviu em centenas de sindicatos e congelou o salário mínimo durante todo o seu governo.
As diferenças eram tantas e tão profundas que não muito tempo depois da posse de Dutra, os dois políticos estavam completamente rompidos.
“Tendo sido eleito pelo PSD, Dutra não admitia o apoio desse partido a Getúlio nas eleições de 1950. Apesar do PSD ter sido criado em 1945, por iniciativa de Getúlio através da ação do Governador de Minas, Benedicto Valadares, um dos seus mais próximos aliados, bem como do próprio genro de Getúlio, o Governador do Rio de Janeiro, Amaral Peixoto, o partido lançou a candidatura de Cristiano Machado”.
As articulações em torno da candidatura de Getúlio nas eleições de 1950 tiveram início logo depois do Carnaval de 1949.
Manchete de primeira pagina dos principais jornais de Sergipe tinham como principal manchete a presença do senador Getulio Vargas em Aracaju em campanha para presidente em 02 de setembro de 1950, com a presença do senador, candidato a re-eleição ao senado, Augusto Maynard Gomes.
A chegada do senador Getulio Vargas em nossa capital, mais de 60 mil pessoas assistem a chegada e ao grande comício. Vargas foi hospede do também senador na época Augusto Maynard Gomes, um cordial jantar foi servido com acertos e planejamentos para o retorno ao Palácio do Catete, tudo isso na presença do jornalista Samuel Wagner.


O povo sergipano prestou a mais significativa homenagem ao eminente brasileiro, senador Getulio Vargas. Desde o campo aéreo até a residência do senador Augusto Maynard Gomes onde o grande líder trabalhista e sua digna comitiva, ficaram hospedados.
Seguido de grupos de batedores bem adestrados, Vargas, que viajou tendo ao seu lado o seu grande e denodado amigo, o senador Augusto Maynard Gomes, chegou a avenida Ivo do Prado, residência da filha do senador Maynard, as 16 para as 18 horas, da noite

O carro em que os ilustres senadores viajaram, foi de uso do capitalista marinho Tavares, que também em homenagem ao senador, foi o competente choufeur.
Aracaju estava em clima de festa, o povo orgulhoso saldando uma das figuras mais importantes do cenário político republicano, um multidão de mais de 60 mil pessoas as homenagens começaram no campo de aviação até a Avenida Ivo do prado (rua da frente) a multidão andava de lada a lado, uma grande massa popular que já era um reflexo das eleições de 03 de outubro do corrente ano, uma grande demonstração o quanto os dois senadores eram queridos pelo povo de Sergipe. A família do senador Augusto Maynard, demonstrava apreço pelo seu mais ilustre hospede, bem mais de perto sentiu o senador Vargas, da estima que lhe devota o digno senador sergipano, com o qual ficou em contato constante.
Nesta cama, que pertenceu anteriormente a minha querida tia (mamãezinha),dormiu na memorável noite de 24 de agosto de 1950, o maior dos brasileiros o senador Getulio Vargas. Foto: Liane Maynard (isso esta escrito em uma placa na cama )

Depois do descanso, e das conversas de planejamentos, os senadores Getulio Vargas e Augusto Maynard Gomes, com os demais membros de sua comitiva, seguiram rumo ao local onde estava armado o palanque para a realização do grande e esperado comício. O comício foi aberto pelo senhor deputado Francisco Marcedo que falou muito e que, em face da premícia do tempo, foi cortado pela metade o seu discurso, mesmo assim, o deputado terminou dizendo que a grande massa popular de que, logo que o senador Vargas voltasse ao descanso que todos ficassem na praça, porque estaria disposto a falar até o amanhecer.
Seguiram-se outros oradores como o Dr. Eronildes de Carvalho presidente do P.S.P. na seção de Sergipe, pronunciando um brilhante discurso.
Vem logo depois o senador Maynard Gomes, cuja oração foi uma brilhante explicação de sua ação no senado federal, na constante defesa dos interesses de Sergipe, especialmente na abertura da nossa barra, com a apresentação de projetos e emendas que sempre foram ludibriados nas comissões e parando na cesta do Catete.
Todos os sergipanos sabem perfeitamente da brilhante atuação do senador sergipano, no Senado Federal. Outros oradores usaram da palavra destacando-se o representante do governador Ademar de Barros e o deputado gaucho Dr. Ubirajara índio da Gosta, que saudou a mulher sergipana em nome da mulher gaucha.
O senador Getulio Vargas, encerra dentro do delírio da multidão o grande comício, com seu discurso excepcional, estudando a vida açucareira de Sergipe, sua indústria, a agricultura, comércio, e prometendo a abertura de nossa barra.
Convém notar de que o senador Getulio Vargas encerrou seu brilhante discurso sem indicar nem apoiar nenhuma candidatura a governança de Sergipe.
Após o comício, os senadores Getulio Vargas e Augusto Maynard Gomes e comitiva, retornaram a residência á Avenida Ivo do Prado onde teve lugar com os demais convidados a realização do banquete que a honrada família Maynard oferecera ao futuro presidente da republica. Augusto Maynard com seu espírito democrático e fina educação social, convidou o deputado Macedo para tomar parte, ao qual não compareceu, porque tinha um banquete de 300 talheres para Getulio Vargas.
O banquete correu dentro da maior normalidade. Pela manhã da quarta feira, a grande era a multidão que em frente a residência da família senador Maynard Gomes aguardava a partida do senador Getulio Vargas e comitiva, assim , as 8:50 aparecia o senador Getulio Vargas que era que era saudado pela grande massa popular.
Momentos depois, o carro que era dirigido e de propriedade do capitalista Marinho Tavares, rumava para o campo aéreo onde em todo percurso da a sua passagem, o povo sergipano, ao chegar ao campo aéreo, mais de 3.000 pessoais recebiam o grande brasileiro que já em pé no avião, recebia inúmeros presentes do povo sergipano, que tinha a satisfação de pegar e beijar as mãos do senhor Vargas.
Antes da partida, o senador Maynard Gomes voltou ao avião onde em ultimas consultas com o candidato das forças populistas. Ao descer o senador Augusto Maynard Gomes, o deputado Araujo Macedo procurou falar no avião com o senador Vargas, o que não foi possível a sua despedida.

Quem foi Vargas?




Getúlio Dornelles Vargas é, com toda a certeza, um dos maiores nomes do cenário político brasileiro do século XX. Sua presença e força políticas atravessaram as décadas de 1920 a 1950, instalando-se como referência inquestionável após seu suicídio, em 1954. Durante essa longa trajetória, Vargas foi identificado por suas surpreendentes qualidades de estadista – coragem, sabedoria, ousadia, mas também por suas características de "homem comum", simpatia, malandrice, simplicidade, facetas que o aproximavam ao mesmo tempo dos grandes líderes de seu tempo e do povo brasileiro, o "seu" povo. Ficou conhecido como o "pai dos pobres", o protetor dos trabalhadores, mas também como o presidente em cujo governo trabalhadores foram presos, torturados e até mortos.
Depois de permanecer por 15 anos no poder, Getúlio Vargas retorna à presidência do país em 1950 ao contrário de certos personagens históricos dos quais é difícil encontrar fontes que expressem o pensamento, Vargas deixou-nos farto material escrito. O fato de estar quase sempre à frente dos acontecimentos, desde líder estudantil, na primeira década do século 20, até seu segundo governo, na década de 1950, possibilita que jornais e revistas constituam preciosa fonte de pesquisa, com entrevistas, artigos, opiniões, críticas, discursos reproduzidos na íntegra ou em excertos.

O retorno triunfal




Na campanha eleitoral de 1950, Vargas condenou a política econômica do Governo Dutra e prometeu acelerar a industrialização do país. Sustentado pela aliança entre o PTB e o PSP, obteve ampla vitória sobre Eduardo Gomes, da UDN, voltando à presidência da República em 1951.
Na política desenvolvimentista que caracterizaria seu governo, o planejamento dos investimentos foi incentivado pelos trabalhos da Comissão Mista Brasil - Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico, de 1951 a 1953 e levou à criação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico. Em setembro de 1951, o governo anunciava um plano qüinqüenal que previa a aplicação de milhões de dólares em projetos de infra-estrutura. Com a política cambial flexível, Vargas procurou incentivar as importações, necessárias ao desenvolvimento, fomentar os investimentos estrangeiros e aumentar a competitividade das exportações.
Paralelamente às medidas bem enquadradas no sistema financeiro internacional, Getúlio Vargas promoveu a industrialização, como prometera em sua campanha presidencial, com ênfase no apelo nacionalista. Em dezembro de 1951, propôs ao Congresso Nacional a criação da Petrobrás e, em abril de 1954, criava a Eletrobrás. Em dezembro de 1953, Getúlio Vargas afirmou que seus planos de criação da Petrobrás estavam sendo sabotados por empresas estrangeiras. Getúlio Vargas foi um homem do seu tempo - centralizador, na década de 1930, num momento em que até os Estados Unidos fizeram intervenção na economia. Na década seguinte, em 1945, obteve o reconhecimento popular, sendo eleito senador por dois Estados (Rio Grande do Sul e São Paulo ) e deputado federal por sete outros Estados. Em 1950, elege-se para a Presidência da República.
Os jornais já publicava uma larga vantagem de Vargas em todo o Sergipe, como também a vitoria de Augusto Maynard Gomes para o senador da republica, exibido este resultado:









PARA PRESIDENTE DA REPUBLICA:





VARGAS.........................................3.477,812
EDUARDO GOMES......................2.034.753
CHRISTIANO MACHADO .........1.419.574
JOAO MANGABEIRA...................... 13.197









PARA VICE PRESIDENTE:





CAFÉ FILHO................................2.089.261
ODILON BRAGA ........................1.880.813
ALTINO ARANTES.....................1.267.914
VITORINO FREIRE .....................415. 719

Mandato





· 1ª Fase - De 03/11/1930 a 20/07/1934, empossado pela revolução de 1930 como chefe do governo provisório.
· De 20/07/1934 a 10/11/1937, eleito pela Assembléia Nacional Constituinte –
Constituição de 1934.
· De 10/11/1937 a 29/10/1945, chefe do Estado Novo, deposto em 29/10/1945.
· 2ª Fase - De 31/01/1951 a 24/08/1954
· Suicidou-se em 24/08/1954





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*Licenciado em História pela Universidade Tiradentes, Pós Graduando em Ensino Superior em Historia na Faculdade são Luis de França, membro do Instituto Histórico de Sergipe, pesquisador e biografo de Augusto Maynard Gomes
Adailton.andrade@bol.com.bradailton_andrade@hotmail.com






Referências Bibliográficas:
DANTAS, Ibarê . Historia de Sergipe: republica (1889- 2000) . Rio de janeiro: Tempo Brasileiro, 2004
Jornal O Povo edição de 1950